Acabou dia 1º de novembro a ocupação da USP, com a presença da tropa de choque da PM, obviamente. Pessoas que, como eu, não entendem os reais motivos da ocupação, e por isso sem o direito de julgar, xingaram esses estudantes de toda a sorte de nomes...
Praticamente toda a minha vida, frequentei escolas públicas e, de certa forma, me interesso pela questão da educação, sobretudo na rede pública. Assim, sei um pouco o quanto a nossa rede de ensino pública carece de mudanças de verdade e não apenas meras “pinturas”.
Ora, tanto nas escolas do interior onde estudei (algumas nem existem mais) quanto na UFMG, onde estudo hoje, há barbáries que precisam ser enfrentadas e não apenas maqueadas. Há aulas que dão desânimo ouvir. Sem desmerecer quem sobrevive de capinar, porque já fui um deles e me orgulho por isso, há professores que não servem nem para capinar roça...
Penso que esse confronto alunos x “escola”/polícia pode nos levar a discussões mais produtivas do que meramente tachar de baderneiros os primeiros e como violentos os segundos: é sabido que todos os dias a polícia desce o pau em “um” e quem lucra é apenas os repórteres “abutres” que aproveitam dos telespectadores também “sanguinários” para galgarem pontuação significativa no IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) e, obviamente, elevarem seus salários. Todos os dias, um monte de “reitores”, seguidos por um bando de “professores”, repetem aulas enfadonhas e quem lucra é apenas o mercado capitalista que a cada dia recebe “novos profissionais” ávidos a repetir teorias. Devem ser excetuados vários professores que são ótimos e merecem todo o respeito.
Pelo menos para mim, que estou fora do contexto em questão (ocupação da reitoria da USP em protesto contra a ação policial dentro do Campus), e por isso me resguardo de eventuais equívocos, esse assunto deveria ser discutido em conjunto (estado, alunos, professores e demais funcionários da escola). Todavia, é nada mais nada menos que utópico esperar tanta sensatez de um país inteiro que não parece estar nada a fim de discutir problemas que precisam ser encarados, sem hipocrisia.
Quem defende que a polícia surre os estudantes, pode ser o seguinte. Quem acha que a polícia deve sair de lá (como pretendem os alunos), pode ser o próximo a ser assaltado. E, para fechar, sem delongas esse singelo texto, quem pensar que o “reitor” é sábio o suficiente para decidir sozinho os rumos da “escola”, pode ser o próximo a matricular o filhinho querido em escola pública, sobretudo de periferia, e esperar inocentemente que ele aprenda algo que lhe possa ser útil enquanto pessoa.
Será mesmo possível continuarmos vivendo sem discutir “de verdade” os problemas, sem hipocrisia? Será que um dia vamos perceber que exitem algumas ocupações que são necessárias?
Adilson Ramos da Silva
Psicólogo
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