CIRCULAR Nº 01/2013
ORIENTAÇÕES LITÚRGICO-PASTORAIS
PARA O CICLO PASCAL
Guanhães, 07 de fevereiro de 2013
Caros
irmãos Presbíteros, Diáconos, Religiosas, Consagradas, Seminaristas, Animadores
de Comunidades, Ministros da Palavra, Ministros Extraordinários da Sagrada
Comunhão, Responsáveis pela Pastoral Litúrgica, Grupos, Agentes de Pastoral e
todo o Povo de Deus presente na Diocese de Guanhães.
Saudações
fraternas!
“Sempre e
por toda parte trazemos em nosso corpo a morte de Jesus, a fim de que a vida de
Jesus seja também manifestada em nosso corpo”. (2Cor 4,10)
Com a
Quarta-Feira de Cinzas inicia em toda a Igreja o Tempo da Quaresma. Tempo de
conversão e reflexão que nos prepara para a Páscoa da Ressurreição de Jesus e
vai até a Missa da Ceia do Senhor, com a qual iniciamos o Tríduo Pascal. “São
quarenta dias em que somos convidados a viver o Mistério de Jesus no deserto, a
ficar cara a cara com Deus, na oração pessoal e comunitária, escutando sua
Palavra, sendo provocados por Ele, deixando que purifique a nossa fé e nos
afaste de tudo aquilo que nos impede de vivê-la com radicalidade”. (Ione Buyst)
É tempo de renovação e de “morte ao pecado” para que possamos ressurgir para
uma vida nova com Cristo. Por isso, venho, através desta apresentar as
Orientações Litúrgico Pastorais para este tempo:
1º- No
tempo da Quaresma não se ornamenta o altar com flores.
2º- A
cor litúrgica é a roxa. Pode ser usada a cor rósea no Domingo Laetare – Quarto
Domingo da Quaresma, “próximo ao grande Dia”.
3º- Quarta-Feira
de Cinzas e Sexta-Feira Santa são dias de jejum e abstinência (Cf. as
orientações no Diretório para a Liturgia). “O jejum não tem valor em si, mas é
um meio poderoso para nos disciplinar e aprendermos a não seguir nossa própria
vontade, mas a do Senhor”. (Ione Buyst). Retomar a importância do gesto da
imposição das cinzas, preparadas com ramos de oliveira, outras plantas e
palmas, bentos no Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, como sinal do desejo
sincero de conversão. As cinzas que sobrarem, podem fazer parte da procissão
das ofertas e, no final da celebração, levadas para as pessoas que não puderam
participar.
4º- Um lugar
seja preparado junto à pia batismal para colocar as cinzas que serão, em
momento oportuno, abençoadas. Outra possibilidade, conforme o espaço, seria
colocá-las junto à cruz. Evitar colocá-la sobre o altar.
5º- Fazer
uma boa catequese sobre o símbolo das cinzas, que significam arrependimento,
tristeza, humildade e penitência.
6º- Acolher
bem os irmãos e irmãs que vêm para celebrar. A Quaresma é tempo de muita gente
afastada procurar a Igreja novamente.
7º- Articular
a Quaresma e a Campanha da Fraternidade com o tema: Fraternidade e Juventude, e
o lema: “Eis-me aqui, envia-me”. (Is 6,8) “A Campanha da Fraternidade
de 2013, que retoma o tema Juventude, se propõe olhar a realidade dos jovens,
acolhendo-os com a riqueza de suas diversidades, propostas e potencialidades;
entendê-los e auxiliá-los neste contexto de profundo impacto cultural e de
relações midiáticas; fazer-se solidária em seus sofrimentos e angústias,
especialmente junto aos que mais sofrem com os desafios desta mudança de época
e com a exclusão social; reavivar-lhes o potencial de participação e
transformação”. (Texto-base) Lembro, por isso, os objetivos desta
Campanha: a) Acolher os jovens no contexto de mudança de
época, propiciando caminhos para seu protagonismo no seguimento de Jesus Cristo,
na vivência eclesial e na construção de uma sociedade fraterna fundamentada na
cultura da vida, da justiça e da paz (objetivo geral); b) Propiciar
aos jovens um encontro pessoal com Jesus Cristo a fim de contribuir para sua
vocação de discípulo missionário e para a elaboração de seu projeto pessoal de
vida; c)Possibilitar aos jovens uma participação ativa na
comunidade eclesial, que lhes seja apoio e sustento em sua caminhada, para que
eles possam contribuir com os seus dons e talentos; d) Sensibilizar
os jovens para serem agentes transformadores da sociedade, protagonistas da
civilização do amor e do bem comum. É preciso, em tempos atuais que nos
aproximemos mais daqueles jovens que sofrem e perceber até que ponto nosso
trabalho responde às suas reais expectativas e necessidades. Num exercício de
alteridade, é preciso olhar o mundo com os olhos dos jovens sofredores.
8º- Na
Quarta-Feira de Cinzas quando se abre oficialmente a Campanha da Fraternidade,
na Celebração Eucarística alguns jovens vestidos de roupas de saco ou juta
podem apresentar as cinzas, evocando, assim, o chamado à conversão e a
atenção para a sua realidade.
9º- Na
entrada da igreja ou em outro local apropriado, porém fora do presbitério,
pode-se colocar um painel sobre a Campanha da Fraternidade. Permanecer com
esse painel durante toda a Quaresma. Quem anima, ao final das celebrações, deve
fazer uma motivação que desperte a sensibilidade e o compromisso com a
Campanha.
10º-
Multiplicar o texto da oração da Campanha da Fraternidade para todos. A oração
poderá ser rezada por toda a assembléia após a partilha da Palavra, ou
como conclusão da oração dos fiéis, ou em outro momento oportuno da celebração.
11º- Na
Quaresma, omitem-se o canto do Glória e o Aleluia.
12º- A
organização dos espaço celebrativo, com a predominância da cor roxa, que
expressa a dimensão maior da penitência e disposição à conversão, assim como
todas as celebrações, devem apontar para o Mistério da Paixão, Morte e
Ressurreição de Jesus. É nesse contexto que situamos a Quaresma. Sobriedade e
despojamento são fundamentais. A Cruz, o Altar, o Ambão, a Cadeira
Presidencial e a Pia Batismal devem ganhar destaque.
13º- Colocar
a Cruz em lugar de destaque, onde ela possa permanecer bem visível durante a
Quaresma, podendo ser iluminada com várias velas. Pode-se também colocar um
braseiro com incenso a seus pés ou destacá-la com algumas pedras, galhos secos
e cactos lembrando a realidade do deserto. A cada Domingo da Quaresma a Cruz
poderá receber novos símbolos.
14º- No
Rito da Paz, antes do abraço fraterno, a comunidade pode fazer um minuto de
silêncio pela Paz do mundo. Um canto de Paz mais meditativo é mais
aconselhável, por causa do Tempo Quaresmal.
15º- No
Domingo Róseo ou Laetare (de júbilo), Quarto Domingo da Quaresma, preparar o
espaço celebrativo usando a cor rosa nas toalhas e paramentos e
enfeitá-lo com flores, transmitindo a alegria pela aproximação da Páscoa. Os
instrumentos musicais também dão a este dia um clima mais festivo. Porém, sem
exageros.
16º-
Retomando um antigo costume, pedir a comunidade para que tragam flores no
Domingo Laetare, que poderão ser abençoadas. Ao desejar a Paz ou na despedida,
no final da celebração, partilhá-las como sinal de alegria pascal e
reconciliação. A benção pode ser feita com esta oração ou outra semelhante: “Ó
Senhor Deus da Paz, que nos dais a graça de nos alegrarmos com a ressurreição
do vosso Filho, nós vos bendizemos por estas flores, dom da vossa criação.
Sejam para nós sinais de vossa vida e graça”.
17º- Pode-se
conservar o costume de cobrir os crucifixos e as imagens da Igreja. Os
crucifixos permanecerão velados até o fim da celebração da Paixão do Senhor, na
Sexta-Feira Santa. As imagens, até o início da Vigília Pascal. (Cf. Missal
Romano – sábado da 4ª Semana da Quaresma).
18º- Moderar
a altura dos instrumentos. Eles têm a finalidade de sustentar o canto.
Evitar o uso da bateria.
19º- Durante
a Quaresma, valorizar o Ato Penitencial, usando a criatividade nos gestos
(ajoelhar-se, inclinar-se, aspersão do povo...). Embora não tenha a força
de sacramento, o mesmo propicia a experiência da misericórdia de Deus, apelo à
conversão e disposição interior para a participação na Celebração Eucarística. A
Quaresma é sempre caminho pascal.
20º- Onde
houver o costume de entronizar a Palavra de Deus, lembro que a mesma (no
Lecionário) deve ser conduzida na procissão de entrada com a Cruz e as
velas. É fundamental a preparação dos leitores, para que a Palavra de
Deus seja proclamada, acolhida com alegria e compreendida por todos os que
estão na assembleia, não simplesmente lida, e às vezes, muito mal. “...os
leitores sejam verdadeiramente idôneos e preparados com empenho. Tal preparação
não deve ser apenas bíblica e litúrgica, mas também técnicas. A formação
litúrgica deve comunicar aos leitores uma certa facilidade em perceber o
sentido e a estrutura da liturgia da Palavra e os motivos da relação entre
liturgia da Palavra e a liturgia Eucarística...”(VD, nº58). Um breve silêncio
após as leituras e após a homilia permite que o diálogo amoroso entre Deus e o
seu povo atinja mais profundamente cada pessoa presente à assembléia litúrgica.
21º- A
homilia seja proferida pelo Padre ou Diácono, em se tratando da celebração da
Eucaristia, articulando a proposta da Palavra de Deus de cada Domingo, com a
Campanha da Fraternidade. “...énecessário melhorar a qualidade da homilia.
Ela constitui uma atualização da mensagem da Sagrada Escritura, de tal modo que
os fiéis sejam levados a descobrir a presença e a eficácia da Palavra de Deus
no momento atual da sua vida. A homilia deve levar à compreensão do Mistério
que se celebra; convidar para a missão, preparando a assembleia para a
profissão de fé, a oração universal e a liturgia Eucarística. Evitar
homilias genéricas e abstratas que ocultam a simplicidade da Palavra de Deus,
com inúteis divagações que ameaçam atrair a atenção mais para o pregador do que
para o coração da mensagem evangélica. Preparem-se para a homilia na meditação
e na oração, a fim de pregarem com convicção e paixão” (VD, nº59).
22º- Cantos,
refrões, louvações, expressam o Mistério celebrado no tempo litúrgico.
Valorizar o Salmo Responsorial, parte constitutiva da liturgia da Palavra. O
mesmo pode ser cantado ou recitado, do Ambão ou Mesa da Palavra. Atenção:
Consultar o Hinário Litúrgico da CNBB, volume II, o CD próprio da Quaresma e o
CD da CF 2013. Todo o povo deve cantar a Liturgia, e não apenas um
grupo de privilegiados. Na Quaresma é oportuno usar as Orações Eucarísticas da
Reconciliação, mais indicadas para este tempo.
23º- Toda
a Comunidade Eclesial deve ser esclarecida e motivada, desde o começo da
Quaresma, para o gesto concreto da CF. São muitos os modos de
penitência, partilha e solidariedade, que podem colaborar para que a Igreja em
todo o Brasil continue concretizando projetos de ação evangelizadora da
perspectiva social, sobretudo nas regiões mais carentes. Todos devem
fazer a sua oferta no Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, dia 24 de
março, fruto da penitência quaresmal e não simplesmente uma esmola. Nenhuma
Paróquia ou Comunidade pode omitir-se. Lembro ainda a importância da Coleta
para os Lugares Santos, realizada na Sexta-Feira Santa.
24º- O
tempo da Quaresma é o tempo privilegiado para a preparação próxima para os
Sacramentos da Iniciação Cristã: Batismo, Confirmação e Eucaristia. Que os
membros da comunidade que fizeram a preparação, segundo o Rito da Iniciação
Cristã de Adultos – RICA, possam recebê-los na Vigília Pascal.
25º- Disponibilizar
horários para ouvir os fiéis no Sacramento da Confissão. Peço aos irmãos
Presbíteros que realizem e participem do mutirão para as confissões nas
Paróquias.
26º- Incentivar
a Quaresma e a CF em Família com o exercício quaresmal privilegiado para este
tempo: a Via-Sacra da Fraternidade.
27º- A CF
precisa acontecer fora dos ambientes eclesiais. Os Presbíteros e Agentes de
Pastoral empenhem-se para que a mesma aconteça junto às escolas, ambientes de
trabalho, nos meios de comunicação social, grupos da sociedade, espaços
relacionados à juventude e, onde for possível, junto a irmãos de outras
Igrejas Cristãs.
SEMANA
SANTA E TRÍDUO PASCAL
“O Tríduo Pascal é
o centro de todo o Ano Litúrgico. Começa com a celebração da Quinta-Feira
Santa à noite e termina com o Oficio da tarde do Domingo de Páscoa. O ponto
alto é a Vigília Pascal. Os três dias são como um desdobramento da Celebração
do Mistério central de nossa fé: o Mistério Pascal.
Na noite
da Quinta-Feira Santa celebramos a “Páscoa da Ceia”; recordamos as
palavras e os gestos de Jesus na última ceia, na qual expressou o sentido de
sua vida e morte e nos mandou celebrar sempre em sua memória.
Na
Sexta-Feira Santa celebramos a “Páscoa da Cruz”, Paixão e Morte de
Jesus, o Justo; Ele foi condenado injustamente; mas entregou sua vida nas mãos
de Deus, confiando na justiça dele.
No Sábado
Santo fazemos memória de sua descida à mansão dos mortos: Jesus se faz
solidário conosco até em nossa morte.
Na Vigília
Pascal e no Domingo celebramos a “Páscoa da Ressurreição”, a
vitória da vida sobre a morte”. (Ione Buyst)
28º- A
Bênção e a Procissão dos Ramos são inseparáveis. Onde não houver Procissão
e Celebração Eucarística, não pode haver Bênção dos Ramos (Cf. Diretório
Litúrgico – anotações para Domingo de Ramos na Paixão do Senhor).
29º- Na
Missa do CRISMA, dia 21 de março, Quinta-Feira, às 19h, na Sé Catedral, os
Párocos, Administradores Paroquiais e Coordenadores de Comunidades podem
convidar representantes leigos das suas respectivas Paróquias. Na mesma
Celebração os Presbíteros renovam os seus compromissos sacerdotais e pastorais.
30º- Na
Quinta-Feira Santa, no final da Celebração, não há Procissão solene com o
Santíssimo Sacramento na Custódia ou Ostensório. O Tabernáculo deve estar vazio
no início da Celebração e serem consagradas partículas para a própria
Celebração e para a Comunhão na Sexta-Feira Santa. A reserva eucarística (que
servirá para a comunhão dos fiéis na Solene Ação Litúrgica na Celebração da
Paixão do Senhor) deve ser transportada numa âmbula maior coberta pelo véu
umeral usado pelo Sacerdote na transladação, até o local (Capela, salão...) devidamente
ornado, para a reposição. Onde houver a URNA, usada antigamente, a reposição da
âmbula com as espécies consagradas, seja efetuada na mesma. No lugar da urna,
pode ser usado um sacrário maior. Onde não for possível nem urna e nem sacrário
maior, a âmbula com a reserva eucarística permaneça coberta com um véu
(conopeu) como é costume em nossas paróquias. Neste dia não há exposição solene
do Santíssimo Sacramento. Os fiéis sejam exortados a fazer pelo menos
uma hora de vigília, na Quinta-Feira, após a Celebração da Ceia do Senhor, ou
na Sexta-Feira pela manhã, em profunda comunhão com o Senhor em sua Paixão.
31º- A
cor usada na Solene Ação Litúrgica na Sexta-Feira Santa, às 15h, é a vermelha,
ressaltando a realeza e o martírio de Jesus.
32º-
Valorizar a Procissão da Sexta-Feira, com a Imagem do Senhor morto e da Virgem
das Dores. A referida Procissão está no coração do povo cristão católico e
constitui-se numa oportunidade singular para evangelização sobre o significado
do sofrimento, da morte e da vitória de Jesus. Com Ele caminhamos, com Ele
morremos e com Ele ressuscitaremos. Onde não for possível Procissão,
organize-se uma Via-Sacra ou uma Celebração Penitencial. Para a Procissão,
Via-Sacra ou outra Celebração, a cor é a roxa.
33º- Preparar
o espaço celebrativo para a Solene Vigília Pascal – “Mãe de todas as Vigílias”.
O Círio Pascal ornamentado deve permanecer junto ao Ambão e ser aceso em todas
as Celebrações do Tempo Pascal, apagado solenemente na Missa Vespertina do
Domingo de Pentecostes, levado para junto da Pia Batismal e ser aceso para as
Celebrações do Batismo e da Crisma.
34º- O
Tríduo Pascal constitui-se numa unidade; tem início com a Solene Missa
Vespertina da Ceia do Senhor, como centro a Vigília Pascal, e encerra-se com as
Vésperas do Domingo da Ressurreição. Na comunidade onde houver a Celebração da
Ceia do Senhor, deve haver a Solene Ação Litúrgica da Paixão do Senhor e a
Vigília Pascal. Os Ministros Leigos da Palavra e do Culto, nas suas respectivas
comunidades, com anuência do Pároco ou do Administrador Paroquial, podem
realizar o Tríduo Pascal, com as adaptações litúrgicas necessárias.
35º- No
Tempo da Quaresma e da Páscoa, para a Bênção final, usar as orações sobre o
povo e as Bênçãos próprias do Tempo Litúrgico (Cf. Missal Romano p. 531 e pp.
521-523).
Na
alegria do Cristo Ressuscitado, desejo a todos uma Santa e Feliz Páscoa.
Que o Bom
Deus abençoe a todos!
Dom Jeremias Antônio de Jesus
Bispo Diocesano
0 comentários:
Postar um comentário